O Jardim Prudência é um bairro bastante heterogêneo, cheio de contrastes, tanto na topografia como nos aspectos sócio econômicos. Faz divisa com o Jardim Marajoara e Chácara Flora. A Chácara Flora tem terrenos enormes, casas bastante sofisticadas e caras, uma região notadamente rica. Do outro lado, não muito distante, talvez a cerca de um quilômetro, temos a Coréia, comunidade notadamente carente e com enormes problemas de ordem social, econômica e urbanística. Bem no meio desse trajeto há uma escola estadual, a Escola Estadual Prof. Luís Simione Sobrinho. O Simione, como é chamado por todos, já foi escola modelo nos anos 80. As vagas eram disputadas por moradores de toda a região. Por consequência, filhos de famílias de classe média e famílias mais pobres tinham que conviver harmoniosamente para desfrutar da tão cobiçada escola. Mas afinal, quem foi o Luís Simione Sobrinho? Sempre foi costume homenagear pessoas importantes dando o nome delas às ruas, praças e equipamentos públicos. E assim foi no caso do Professor Luís Simione Sobrinho. Natural de Itatiba, Simione nasceu na fazenda dos pais. Teve dezesseis irmãos. Aos doze anos foi mandado para Áustria, onde continuaria seus estudos iniciados em Piracicaba. Era 1910. Quando se preparava para ingressar no ensino superior começa a Primeira Guerra Mundial. Como era filho de austríacos e obedecendo o princípio do “jus sanguinis” (“direito de sangue” que garante ao indivíduo o direito à cidadania de um país por meio de sua ascendência) foi incorporado ao 10º Batalhão de Caçadores de San Pelten, unidade da Imperatriz Zita e durante três anos, até 1917 permaneceu no “front” oriental da Rússia. Quando a paz se estabeleceu entre os dois países foi enviado aos Alpes Austríacos, na fronteira italiana. Depois da guerra, com muita dificuldade, devido às limitações daquele momento, concluiu seus estudos em Viena. Em 1922 voltou ao Brasil e iniciou sua vida no magistério, lecionando nos colégios Staford e Independência. Em 1924, durante a Revolução de Isidoro Dias Lopes, organizou, como civil legalista, mas com grande experiência militar, a defesa do Palácio dos Campos Elísios, permitindo que Carlos de Campos, mantivesse suas atividades de governo. Em 1925 casou-se com Dona Cecília, com quem teve cinco filhos e viveu até sua morte. Apesar da vasta experiência militar, que o levou à primeira turma do CPOR/SP em 1932, onde foi à Tenente e comandou o 1º e 2º Batalhões de Caçadores de Santos e em seguida, o levou a estagiar nos 3º e 4º Batalhões de Infantaria na ocasião da Segunda Grande Guerra, sua paixão era o magistério. Lecionou Latim e história para milhares de jovens. Foi cofundador do Colégio Ipiranga e mais tarde professor no Colégio Santo Agostinho e Maria Imaculada. Entre suas publicações acadêmicas destacam-se “Morfologia Latina”, “Latim em Perguntas” e “História do Império”, todas nos anos 40. Lecionou também francês, inglês, alemão e italiano. Se aposentou no magistério estadual na década de 50. Licenciado em letras clássicas, lecionou latim na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento. O Professor Luís Simione Sobrinho morreu em 18 de abril de 1970, rodeado por familiares. No ano de 1978, o Estado de São Paulo homenageia Simione, dando seu nome a uma escola, construída no ano anterior, na Rua Francisco Lopes Pinto, 282. Marcelo José Sampaio
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