Não é raro o cidadão comum se sentir desorientado ou até mesmo desamparado quando busca serviços públicos, prestadores de serviços técnicos específicos, etc. Muitas vezes, problemas como manutenção de rede elétrica ou instabilidade nos serviços de internet podem virar um pesadelo. Isso sem falar em segurança. Além da dificuldade de comunicação com as instituições que cuidam dessa questão, temos que lidar com os prestadores de serviços de segurança privados, como vigias e seguradoras que monitoram câmeras e acesso.
Já há muito tempo as sociedades organizadas preferem tratar destas questões coletivamente, através de grupos maiores que têm os mesmos interesses. Isso é comumente chamado de associativismo. A definição mais comum para associativismo é:
“Associativismo é qualquer iniciativa formal ou informal, que reúne um grupo de empresas ou pessoas com o objetivo principal de superar dificuldades e gerar benefícios econômicos, sociais ou políticos. O associativismo promove um ganho social amplo e irrestrito.”
Talvez, a mais notória e bem sucedida associação de São Paulo seja a Associação Comercial de São Paulo. A ACSP conta hoje com 15 distritais, todas elas com conselhos compostos pelos associados. Entre outras coisas essa associação disponibiliza para os associados uma plataforma de vendas on-line, ajuda para obtenção de certificações, acesso à linhas de crédito, posto interno da receita federal, emissão de certificados digitais, etc. Entre as conquistas da ACSP, pode-se destacar a consolidação da modalidade MEI (micro empreendedor individual). A associação teve grande relevância na luta política que viabilizou essa modalidade.
Tratando-se de associações de bairro, podemos destacar uma grande conquista recente, resultado da mobilização de algumas associações e da organização dos processos necessários para atingir o objetivo comum: o Parque Augusta Prefeito Bruno Covas. O Parque Augusta foi resultado de uma grande mobilização que durou anos. Em 1994 um cidadão da região começou a mobilização através de um abaixo assinado que foi encaminhado ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, solicitando o tombamento da área. Em 2006, foi proposto o projeto de lei 345/2006, de autoria dos vereadores Jucelino Gadelha e Aurélio Nomura, que propunha a criação do Parque Municipal Augusta…e em 2013 surge o Movimento Parque Augusta, liderados por três associações locais e apoiados por diversas outras associações de toda cidade. Finalmente, no ano de 2019, depois de décadas de esforços coletivos, é assinada a escritura do Parque Augusta pelo prefeito Bruno Covas.
Nem todas as lutas regionais têm desfechos felizes com o do Parque Augusta, porém, sem a participação da sociedade civil organizada em suas associações, teríamos uma sociedade muito menos justa, com os interesses das maiorias sendo atropelados pelo poder econômico, também organizado em associações.
Há uma década atrás, a Associação Preserva São Paulo, capitaneado por Jorge Eduardo Rubies, organizou uma “federação de associações” que foi chamada na época de Associação dos Movimentos Contra a Especulação Imobiliária. Esta organização de associações lutou coletivamente contra diversas arbitrariedades da prefeitura e do setor imobiliário. Algumas lutas tiveram um final bastante feliz, como o tombamento do Cine Belas Artes.
Por fim, pode-se afirmar que os grupos melhor organizados, que procuraram entender a legislação e a conjuntura política e lidar com isso em favor da coletividade, tiveram grandes avanços alcançados. Longa vida ao associativismo!